domingo, 13 de setembro de 2009

MESTRE PASTINHA.






Vicente Ferreira Pastinha - Este é o seu nome de batismo. Nasceu a 5 de Abril de 1889 na cidade de Salvador. Filho do espanhol José Senõr Pastinha e da negra Raimunda dos Santos. Em entrevista à revista Realidade,em 1967,mestre Pastinha declara que aprendeu a capoeira com o "Velho Africano",mestre Benedito. Este teria ficado com dó de Pastinha, aos dez anos, apanhava diariamente de um garoto. A princípio, Pastinha ensinava capoeira para os colegas da marinha, onde ingressou aos 12 anos. Depois que saiu,aos 20 anos, abriu sua primeira escola de capoeira na sede de uma oficina de ciclistas. Nesse local, a escola ficou aberta de 1910 à 1922. Após esse período, mudou-se para o Cruzeiro de São Francisco.Além de capoeirista,Pastinha era também pintor ;chegando a dar aulas de pintura á óleo.
Em 1941, funda seu Centro Esportivo de Capoeira Angola (graças ao mestre Amorzinho que lhe ofereceu a academia e insistiu para que ele a dirigisse.), localizado no Largo do Pelourinho, n-19, local histórico, arrodeado de velhos casarões e igrejas centenárias da Bahia antiga. Antes de Mestre Pastinha abrir sua escola, a Capoeira não tinh
a uniformização e nem um método de ensino. As pessoas aprendiam de oitiva, como dizia o Mestre Bimba. As roupas usadas, eram de cor branca ou roupas comuns, alguns até descalço e outros calçados. Na escola de Mestre Pastinha, tinha um padrão, que era o uniforme preto e amarelo (pelo motivo do Mestre torcer pelo Ipiranga, um time de futebol da Bahia. Apesar de utilizar essas cores, ele próprio utilizava o branco) e calçado; tinha as suas "Chamadas", as quais ele aprendera com seu mestre, um africano. Tentou manter os fundamentos da Capoeira que ele aprendeu, e hoje quando se fala de Capoeira Angola, se fala na Capoeira de Mestre Pastinha.
Pastinha ficou famoso, começou a receber convites para apresentar-se com seu grupo em outros Estados. Foi ao Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas, Recife e Curitiba várias vezes, cilminado com o convite do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, para integrar a delegaçào brasileira, que representaria o Brasil no "Premier Festival Internacional de Arts Negres" em Dakar - África, realizado em abril de 1966. Pastinha foi e recebeu varias homenagens dos participantes e promotores do festival, sendo considerado a atração máxima.
Em 1964, Pastinha lança um livro: "Capoeira Angola", com orelha de Jorge Amado, sei amigo particular. Mais tarde um disco com toques e músicas de Capoeira.
Falava-nos com palavras impregnadas da mais pura gratidão acerca de Mestre Benedito, um preto natural de Angola com o qual iniciou a prática da Capoeira e, nessa época, o menino Vicente Pastinha contava dez anos de idade.
Foi impressionante, com que lealdade e abnegação, Mestre Pastinha manteve o ensino da Capoeira Angola, em sua pureza original, tal como a recebeu dos mestres africanos, não permitindo em sua academia, que fosse deformada com a introdução da práticas próprias de outros métodos de luta, sendo, por tal procedimento, reconhecido como o legítmo representante da Capoeira Angola na Bahia e no Brasil a cujo folclore,
seu nome, estará eternamente ligado.
A história de Mestre Pastinha é longa, em grande parte uma luta contra as adversidades. Mestre Pastinha infelizmente não foi reconhecido pelas autoridades da época como um divulgador e cultivador de sua cultura, vindo a falecer em 1981 pobre e cego